domingo, 9 de outubro de 2011

A Violência no Namoro: uma Necessidade de Prevenção nas Escolas

A violência no namoro tem sido considerada progressivamente um problema da nossa sociedade, contudo, esta questão encontra-se à margem dos discursos sociais e educativos, bem como carece de atenção e de procura de respostas por parte da comunidade científica, académica e social. Numa tentativa de compreender os motivos subjacentes à marginalização desta problemática independentemente da sua presença na nossa comunidade, importa referir alguns aspectos que possam ser responsáveis.

De forma a promover a compreensão de um problema, bem como o desenvolvimento e a implementação de uma resposta, é imprescindível definir de antemão o problema. É curioso verificar que a definição de violência no namoro ainda permanece vaga para uma grande parte da nossa sociedade, principalmente para os mais novos. A barreira entre a violência e a não-violência nem sempre é nítida, sendo então fundamental educar os jovens para essa distinção e, consequentemente, educá-los para a não-violência. Tendo em conta que as escolas representam o lugar das aprendizagens das crianças e dos jovens por excelência, o contexto no qual as crianças e os jovens vão aprendendo a ser cidadãos, a ser membros activos da nossa sociedade, a respeitar normas sociais e a interiorizar determinados valores, é fundamental que as escolas dirigem as suas acções para promover relacionamentos afectivos saudáveis entre os jovens.

Os estabelecimentos de ensino são o lugar perfeito para despertar os jovens para este problema e para as suas proporções alarmantes. De facto, estima-se que 20 a 30% dos jovens são vítimas de violência nos seus relacionamentos íntimos, sendo que essa taxa aumenta drasticamente a partir do casamento. Essas situações muito se devem à falta de conhecimento por parte dos mais novos, quer sobre o que é a violência no namoro, quer sobre as suas várias formas de manifestação ou ainda sobre formas de agir nessas situações. A escola é terreno fértil para proporcionar essas informações e chegar mais rápido e eficazmente a essa população de tão difícil acesso, bem como representa o contexto ideal para a partilha de ideias, para estimular o debate e permitir assim a desmistificação de algumas crenças erradas, nomeadamente confundir comportamentos de controlo com provas de amor.

Tendo em consideração o conjunto exaustivo de potencialidades detidas pelos estabelecimentos de ensino para apelar à atenção dos mais novos sobre a violência nos relacionamentos íntimos e para educá-los para a não-violência, por que motivos esta questão não permanece à margem dos discursos socio-educativos? Seria assim tão difícil e insustentável elaborar um programa curricular sobre a temática, visando a aquisição de conhecimentos sobre o fenómeno, seu enquadramento legal, o empoderamento dos mais novos para o reconhecimento de situações íntimas abusivas , a capacidade de resposta nessas situações ou ainda a tomada de conhecimento dos recursos na comunidade.

Os esforços preventivos ao nível da violência no namoro têm sido muito tímidos, sendo as elevadas taxas de violência no namoro um exemplo ilustrativo. De facto, a violência no namoro tem vindo a aumentar de ano para ano, sendo que um em cada quatro jovens sofre violência nos relacionamentos íntimos, de acordo com os dados fornecidos pela APAV- Associação Portuguesa de Apoio à Vítima. Numa investigação levada a cabo por esta instituição, 67% dos jovens inquiridos revelaram ter presenciado situações de violência íntima, permitindo comprovar o aumento das taxas de violência registadas no nosso país.

Perante este panorama, a integração de um programa curricular sobre esta temática é fundamental, quer a nível da prevenção, quer a nível da intervenção junto dos jovens, sendo esse programa subordinado à promoção de relacionamentos afectivos saudáveis entre os jovens.

Andréa Da Costa

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