As eleições primárias têm vindo ao longo dos anos a entusiasmar o mundo como um mecanismo diferente de abrir os partidos políticos à sociedade. O modelo americano é sem dúvida o mais conhecido pelo mediatismo e dimensão na qual candidatos de vários estados e de dois grandes partidos têm vindo, com a envolvência de milhões de pessoas, a disputar as eleições presidenciais.
Em Portugal a questão das eleições primárias tem surgido nos últimos tempos como uma nova forma de modernizar os partidos políticos e de os abrir à sociedade não passando até ao momento de uma ideia que carece de mais do que o seu lançamento nos fóruns de debate para que seja posta em prática.
É necessário um grande esforço dos militantes dos partidos políticos portugueses para que de uma vez por todas se coloquem na balança, de um dos lados “a união do partido” e do outro a Democracia e a qualidade dos candidatos que livremente quiserem manifestar e exercer a sua candidatura.
Nas últimas eleições internas do Partido Socialista surgiram dois candidatos que com a vontade de introduzir este tipo de eleição no partido divergiram na limitação dos eleitores, entre o escrutínio aberto a simpatizantes ou limitado apenas a militantes do partido no sentido de se valorizar a militância e impedir que falsos simpatizantes e até militantes de outros partidos pudessem fazer parte da escolha - é de facto legítimo que se defenda este último argumento enquanto as regras do jogo não forem iguais para todos.
Já no último congresso do PSD a possibilidade de eleições primárias (fechadas à sociedade) para a escolha de presidentes de câmara, proposta pelo actual Primeiro-Ministro, foi completamente posta de parte pelos militantes com a argumentação da divisão do partido pela possibilidade de surgirem posteriormente candidaturas independentes que clivassem as estruturas e as potencialidades de vitória eleitoral.
Em França as eleições internas dos maiores partidos políticos (PS e UMP) não conseguiam abranger sequer 1% do eleitorado francês (à imagem do que acontece actualmente em Portugal) sendo que os candidatos aos altos cargos do panorama político se limitavam ao escrutínio dos militantes. Com o surgimento das primárias no Partido Socialista francês, foram conseguidos os votos de 7% do eleitorado - um feito inédito que despertou a temática das primárias e mostrou que a população tem interesse neste revolucionário método de escolha que visa escolher os melhores candidatos.
Martine Aubry saúda François Hollande logo após o resultado das primárias abertas à sociedade francesa, mostrando que a união do partido não foi afectada. |
Voltando a Portugal, torna-se necessária uma profunda discussão no sentido de promover este sistema eleitoral partidário.
É necessário que um dos partidos arrisque a iniciativa (com abertura a todo o eleitorado) sem o receio de perder autarquias ou outros orgãos administrativos. Para isso basta reflectir acerca do valor da Democracia (até porque tendencionalmente se acabariam os sindicatos de voto). Por outro lado é necessário que a mesma Democracia prevaleça naqueles que se candidatam por essa via - se se perde uma vez segundo padrões ideológicos, para quê tentar uma segunda vez numa candidatura independente pondo em causa a ideologia que se defende, ainda que seja plural, colocando em primeiro interesses singulares?
No caso concreto do Partido Socialista, desde que se tem equacionado a realização de eleições primárias fechadas surgiu uma grande preocupação quanto ao crescimento (na ordem dos milhares) do número dos militantes! Um crescimento que assusta pela quantidade de fraudes eleitorais a que se tem assistido e às quais este tipo de eleição proposto denota não conseguir responder de forma saudável e transparente.
Torna-se necessária a implantação de eleições primárias abertas nos partidos políticos portugueses nem que para isso seja necessário um cruzamento de dados que assegure a unicidade do voto.
Urge a necessidade de um novo paradigma que defenda a transparência, melhores candidatos e a envolvência de uma população cada vez mais adormecida no que toca à participação política pela falta de confiança legítima nos “políticos” e nos diferentes partidos.
É necessária uma intervenção urgente que mude a apatia conjuntural e afirme a Democracia!
André Lopes
Antes de mais, dou te os parabéns pelo execelente texto opinativo.Depois, concordo com as primárias,porque alargaria a participação inclusivé daqueles que não se revêm nas formas como os partidos estão atualmente estruturados.Acho que as primárias,mais cedo ou mais tarde, têm de avançar!
ResponderEliminarUm tema bem interessante. O caso das primárias a ser adaptado a portugal provavelmente teria de funcionar com duas câmaras: uma nacional e outra de representação dos distritos. Isto na perspectiva das primárias para eleger deputados. No caso eleições internas dos partidos parece-me que é mesmo um caso de vontade política e não de dificuldade. Para além de dar mais igualdade de oportunidades, as primárias podem promover o mérito e combater o cacique. No entanto, só depois de as testarmos veremos as falhas, tal como as identificamos no sistema actual.
ResponderEliminarEntão o pessoal que dirige o PS fica preocupado com o crescimento dos militantes aos milhares? Deveriam era ficar contentes se o que lhes interessa é realmente a democracia.
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